Desde 19 de setembro, deixou de ser necessário atravessar a fronteira para provar os morangos frescos e naturais da La Fresería, que os serve mergulhados em quantidades generosas de molhos e toppings preparados em loja. A marca, que arrancou em 2022 com um pequeno quiosque no Mercado de Antón Martín, em Madrid, e rapidamente conquistou locais e visitantes com os seus produtos saborosos e visualmente apelativos, elegeu Aveiro para instalar a sua primeira casa fora de Espanha, onde já conta com 22 lojas.
Luca Cianflone, italiano a viver na cidade costeira há vários anos, é o responsável pela unidade recém-inaugurada e foi quem nos recebeu para falar do que define como um “fenómeno de consumo jovem e digital”. “Durante uma viagem a Londres, tanto eu como os meus sócios ficamos fascinados com as filas enormes que se formavam para comprar morangos com chocolate. Ficamos tão interessados, que demos por nós a investigar sobre este tipo de negócio. Foi no decorrer dessa pesquisa que nos deparamos com a La Fresería, que funciona como um franchisado. Falamos então com os donos e tentamos perceber a melhor forma de trazer o projeto para Portugal. Sendo Aveiro um local com uma energia muito própria, grande tradição doceira e cada vez mais atrativo para jovens e turistas, acabou por ser uma escolha natural na hora de decidir onde começar esta aventura”, partilhou o empresário.
Na loja, a poucos minutos do centro, encontra o mesmo menu que em todos os outros da franquia. Entre molhos (€1 a €2) de chocolate, pistáchio, Oreo e Lotus, aos quais pode juntar toppings (50 cts a €2) que vão de cookie dough a favos de mel, marshmallows, nozes, Kinder Bueno, coco ralado e gomas, há dezenas de combinações possíveis. Os copos são vendidos em três tamanhos diferentes: o pequeno (€4,50), o médio (€6,50) e o XL (€15,90). Este último é pensado para partilhar e permite ao cliente adicionar todos os molhos e coberturas que quiser. Sem revelar demasiado, Luca adiantou que estão a desenvolver um produto inspirado na cidade.
A origem do fenómeno
Alejandro Fernández, que dirigia a agência Efya Digital, agora The Brutal Agency, e Gonzalo Barreno, especialista em gestão de marcas, conheciam-se há mais de uma década quando resolveram unir forças para criar a La Fresería. Menos de dois anos depois do início da parceria, ambos são influenciadores bastante reconhecidos em Espanha, muito graças ao projeto Planes Brutales que, entre o Instagram e o Tik Tok, reúne quase um milhão de seguidores. Atualmente, dedicam-se de modo exclusivo à criação de conteúdos para estas contas e à La Fresería, que pretendem fazer chegar a outras localidades nacionais. Numa entrevista à MUST, via email, a dupla contou-nos como passaram de um pequeno quiosque a 23 lojas, com filas de até quatro horas e mais de mil quilos de morangos vendidos semanalmente. A faturação, que em 2024 atingiu os quatro milhões de euros, deve ultrapassar os 10 até ao final de 2025.
O que vos levou a abrir a La Fresería?
Queríamos reinventar um produto do quotidiano e torná-lo aspiracional. Em Espanha, todos comemos morangos com natas, mas ninguém os tinha elevado ao nível de experiência, estética e prazer que têm hoje na La Fresería.
Qual era o conceito inicial?
O conceito inicial era simples e claro: um espaço especializado em morangos preparados, com toppings premium e uma apresentação cuidada, algo que pudesse rivalizar com o café ou o gelado enquanto capricho urbano.
Após a abertura, esse conceito sofreu alguma alteração?
O essencial mantém-se, isto é, morangos de qualidade e experiências visuais. Mas sim, evoluímos bastante o produto, os formatos e o storytelling. Hoje, contamos com coleções como Fresas Dubai, Fresas Diablo ou FresaMisu, que ampliam o universo da marca e lhe dão uma dimensão mais global. Quando abrimos a primeira loja, em 2022, fizemo-lo com o objetivo de criar algo sólido, escalável e com identidade própria. Queríamos provar que era possível construir uma marca a partir de um produto tão simples como o morango, mas com uma execução cuidada e uma experiência premium.
O sucesso foi imediato? Quais pensam ser as razões na origem do fenómeno?
Sim, o sucesso foi surpreendentemente rápido. Assim que abrimos a primeira loja, formaram-se filas de até quatro horas, tal como aconteceu em Aveiro. Acreditamos que o sucesso se deve a três fatores: o produto é fotogénico e delicioso; a marca transmite alegria, design e proximidade; e soubemos conectar-nos com uma geração que procura experiências virais, mas genuínas.
De onde chegam os morangos?
Trabalhamos com produtores nacionais, principalmente de Huelva, Segóvia e Tarragona, e também com morangos portugueses, consoante a época. Valorizamos a rastreabilidade total e a garantia de qualidade constante.
Há alguma diferença entre as lojas em Espanha e a que acaba de abrir em Aveiro?
Não, a loja de Aveiro é igual às de Espanha, ou seja, mesmo conceito, mesma experiência e mesma carta. Queríamos que fosse uma extensão natural da marca e que qualquer cliente que nos conheça em Madrid ou Saragoça reconheça o mesmo estilo em Portugal.
A que se deveu a escolha de Portugal, de uma forma geral, e de Aveiro, em particular, para começar a internacionalização da marca?
Portugal partilha muito com Espanha em termos de gosto e cultura gastronómica, mas vive um forte crescimento no setor das sobremesas e cafetarias. Escolhemos Aveiro por ser uma cidade jovem, dinâmica e com turismo durante todo o ano, ideal para testar o modelo internacional antes de dar o salto para Lisboa e Porto.
Têm planos para chegar a Lisboa, Porto e Coimbra. Já há datas definidas para estas aberturas?
Sim. Em Lisboa, onde já temos espaço, abriremos em dezembro. As lojas do Porto e de Coimbra estão previstas para o primeiro semestre de 2026.
Qual o valor do investimento que estão a fazer em Portugal?
Cerca de dois milhões de euros nesta primeira fase, incluindo a abertura de Aveiro, a estrutura logística e a adaptação do conceito a nível internacional.
Depois destas inaugurações, pretendem continuar a expandir-se?
Sim. O nosso objetivo é consolidar a La Fresería como uma marca europeia de referência. Estamos já a analisar oportunidades em França, com uma abertura em Paris dentro de três semanas, e também em Itália. Mais adiante, gostaríamos de explorar mercados como a América Latina e o Médio Oriente. Queremos converter-nos numa referência global da sobremesa com morango.
Onde? Rua José Estevão, 24 (Aveiro). Horário? Segunda a quinta, das 14h00 às 21h00. Sexta, das 14h00 às 23h00. Sábado, das 11h00 às 23h00. Domingo das 11h00 às 21h00.