O projeto é fruto da visão conjunta de Raquel Lopes, empresária luso-brasileira e reconhecida embaixadora da cachaça, e de Miguel Judice, anfitrião do Geographia. A dupla quis dar vida a um bar que fosse mais do que um balcão onde se servem copos: um lugar onde se contam histórias. E são muitas as que ali se entrelaçam – do grogue de Cabo Verde ao rum de São Tomé e Príncipe, da aguardente de cana angolana ao ponche madeirense, sem esquecer a cachaça brasileira, matriz e musa de todo este universo líquido.
O Da Cana, conforme Raquel Lopes descreve em comunicado, é “um convite à viagem”, uma travessia sensorial que começa na plantação e desembarca nos países da CPLP. Cada bebida, defende, transporta consigo uma memória colectiva e um gesto de identidade que merece ser celebrado. O propósito, diz, é aproximar quem consome de quem produz, dar rosto às tradições e renovar o olhar sobre uma herança comum.
A carta, assinada pelo bartender Edu Ribeiro, segue essa intenção. Reúne rótulos difíceis de encontrar e cocktails criados especialmente para o espaço, onde se exploram as inúmeras formas possíveis de interpretar a cana-de-açúcar. A abordagem contemporânea e sustentável conjuga-se com o ambiente acolhedor do Geographia, conhecido por celebrar sabores da lusofonia e por oferecer uma atmosfera que transporta o visitante para diferentes geografias sem que este saia de Lisboa. Aliás, não podia estar mais dentro de Lisboa, com a sua localização privilegiada, na Rua do Conde nº 1, junto ao Chafariz das Janelas Verdes, em Santos.
Por detrás deste projeto está também o percurso pessoal de Raquel Lopes, que encontrou na cachaça um caminho de reinvenção. Depois de uma carreira no mundo dos vinhos e de uma mudança de vida marcada pela perda e pela necessidade de um recomeço, dedicou-se a estudar, promover e elevar a bebida brasileira, primeiro no Rio de Janeiro e, desde 2016, também em Portugal. O Da Cana surge, assim, como um capítulo natural dessa missão: dar ao espírito da cana o lugar que ele merece.