Fiat 127: 50 anos de “tudo-à-frente”
Já aqui o havíamos afirmado: 2021 é um belo ano para efemérides automóveis. E esta é uma das mais importantes.

O Fiat 127 comemora 50 anos. Lançado em 1971, seria Carro do Ano em 1972 e líder europeu de vendas durante seis anos seguidos, entre 1973 e 1978. Sairia da ribalta em 1983, ano em que deu o lugar ao Uno, outro best-seller.
Enquadramento histórico, que não faz mal a ninguém
A vida na Itália do pós-guerra era tudo menos um mar de rosas. Tendo mudado de lado no decurso da II Guerra Mundial, sofreria os efeitos do desembarque dos Aliados e também a ira do até então "amigo" nazi enquanto este recuava. Em 1945, o país era pouco mais que fábricas em ruínas, no meio dos escombros das cidades bombardeadas. A indústria em geral tinha sido devastada e alguns anos – décadas – passariam antes que a recuperação se fizesse sentir.
Do lado dos automóveis, os anos 50 e a primeira metade dos 60 foram duros, com as vendas a demorarem a "pegar de novo", numa terra onde a população não tinha poder de compra para se alimentar, quanto mais para adquirir carros. Como maior fabricante transalpino, a Fiat dava o exemplo, produzindo modelos baratos, práticos e sem excessos nem luxos nem características supérfluas, até mesmo, e principalmente, no tamanho: orçamentos pequenos exigiam carros pequenos, ainda por cima ideais para a circulação nas densas e congestionadas cidades italianas.
Do "tudo-atrás" ao "tudo-à-frente"
Nesses anos, os modelos claramente citadinos – como os clássicos 500 e 600, e o mais moderno 850 – apostavam tudo no... "tudo-atrás": motor, caixa de velocidades, diferencial, encontravam-se colocados sobre o eixo traseiro, com as inerentes vantagens e desvantagens. Foi precisamente este último modelo, o Fiat 850, que o 127 veio substituir. E fê-lo de uma forma radical e revolucionária: "tudo-à-frente", com o motor 4-cilindros a ser montado transversalmente, a caixa situada num dos extremos e o diferencial por baixo, atuando sobre as rodas da frente – só não era uma novidade completa na Fiat porque, dois anos antes, o "irmão" mais velho e maior, o 128, tinha inaugurado a tração dianteira no fabricante italiano.
O motor do Fiat 127 era o famoso bloco (de ferro fundido) com quatro cilindros e cabeça em alumínio (coisa avançada para a época), onde atuavam as válvulas e não a árvores de cames. Esta vivia abaixo da câmara de combustão – era, por isso, um motor OHV (válvulas à cabeça) e não OHC (árvore de cames à cabeça). A cilindrada era de 903 cm3 e a potência desenvolvida era de uns honestos 45 cavalos. Caixa manual de 4 velocidades, o normal para a época, mas suspensão de rodas independentes, algo só visto em modelos de segmentos mais elevados. Mais tarde, a partir da segunda série, juntar-se-iam uma versão do mesmo motor com 70 cavalos e 1049 cm3 , e um 1.3 diesel de 44 cavalos.

A odisseia do espaço
Uma das consequências do "tudo-à-frente" foi o desaparecimento do túnel de transmissão, o que significou a libertação de bastante espaço interior, em benefício de passageiros e bagagem. Também contribuiu para isso o pneu sobressalente ter-se mudado para o capot dianteiro (a abrir em "concha", outra estreia na Fiat), passando a viver ao lado do motor. Estas inovações permitiram ao designer Pio Manzù (1939-69), que não viria a ver a sua criação chegar ao mercado, concentrar-se num desenho de sucesso: o 127 é um 'hatchback' um pouco maior que o antecessor 850 – comprimento 3.60 m, largura 1.53 m, altura 1.36 m, distância entre eixos 2.23 m – e capaz de transportar confortavelmente quatro adultos e respetiva bagagem (o quinto adulto, convenhamos, já não tão confortavelmente).
Por falar em 'hatchback', uma curiosidade: aquando do seu lançamento, o 127 era considerado um ‘sedan’ de duas portas – o vidro traseiro era fixo e um pequeno capot abria-se debaixo dele. Só no ano seguinte, em 1972, com a chegada do concorrente Renault 5, esse pequeno capot traseiro foi substituído por uma porta que englobava também o vidro, dando lugar à classificação de três portas, o dito ‘hatchback’. Isto permitiu ainda que as costas do banco traseiro rebaixassem, aumentando significativamente o espaço de carga e conferindo ao 127 ainda maior funcionalidade. Esta configuração seria adotada na esmagadora maioria das unidades produzidas.
E quanto às já referidas inovações, elas não se ficavam por aqui: do lado da segurança passiva, o Fiat 127 revelava que a marca italiana se preocupava com temas ainda pouco falados nesses tempos (apenas uma certa marca sueca se preocupava, e ainda preocupa, com a temática da segurança). No 127, a carroçaria apresentava zonas de deformação, para absorver a energia de um choque, e a coluna da direção articulava-se, afastando-se dos membros inferiores do condutor.

Série 1, 2 E 3
Ao longo dos seus 12 anos de produção – isto apenas em Itália, englobado na gama europeia da Fiat, já que depois disso continuou a ser fabricado noutros países sob licença – o Fiat 127 recebeu um total de três gerações (nome muito em voga atualmente). A primeira durou até maio de 1977, altura em que foi substituída pela Série 2: nova frente e nova traseira, a terceira porta ainda maior e a permitir uma altura de carga mais baixa e facilitada, e as já referidas alternativas de motorização (gasolina 1050 cm3 e gasóleo 1.3).
Quatro anos depois, e apesar de se saber que viria a dar lugar a um novo modelo muito em breve, o Fiat 127 ainda teve tempo de ver uma Série 3: apresentada em novembro de 1981 e lançada em janeiro de 1982, apenas se distinguia no exterior por uma nova grelha e novos faróis dianteiros. No interior, no entanto, a mudança foi mais profunda: novo desenho do tablier, novas formas e cores (bastante "anos 80", mas na altura não se sabia o que isso queria dizer), um novo motor 1.3 a gasolina e, pela primeira vez, a opção de uma caixa de 5 velocidades – até então, nas anteriores séries, não cabia no compartimento do motor...

E depois do adeus?
Na realidade, o pano não desceu totalmente sobre o Fiat 127 no ano de 1983, quando o substituto Uno foi lançado. A produção em Itália, na fábrica de Mirafiori, manteve-se até 1987, para fornecer os mercados fora da Europa. Além disso, nos países onde a Fiat detinha fábricas e se produziam veículos sob licença (Seat em Espanha, FSO na Polónia, Yugo na Jugoslávia, Amico na Grécia, 147 no Brasil, e ainda na Argentina), o 127 continuou a ser fabricado pelo menos até ao início dos anos 90.
Estima-se que este best-seller agora cinquentão tenha atingido a marca dos 8 milhões de unidades saídas das linhas de montagens. E se fosse preciso sublinhar a sua importância para a Fiat, apenas referir que para substituir o 127, a marca de Turim teve que criar não um, mas dois novos modelos – o Uno e o Panda.
É um carro? Um gadget? Um caixote com rodas?
Não! É o Citroën AMI, o novo quadriciclo 100% elétrico da marca do ‘double chevron’.
Discover EU, a iniciativa que oferece passes de viagens gratuítos na Europa
Após um ano de pausa, a DiscoverEU, uma iniciativa da Comissão Europeia, oferece mais uma vez aos jovens europeus a oportunidade única de explorarem a Europa gratuitamente de comboio.
Leonardo DiCaprio apresenta novo Fiat 500 elétrico
Pela primeira vez, a Fiat apresenta um carro totalmente elétrico. Leonardo DiCaprio, conhecido ativista pelo ambiente, protagoniza os vídeos.
Volvo P1800, santificado seja o teu nome
Uma marca sueca lançou-o há 60 anos, em 1961. Um ano depois, uma série televisiva britânica – ‘O Santo’ – iria imortalizá-lo: eis o Volvo P1800, um dos desportivos mais icónicos dos anos 60.
'Quo vadis, Stellantis?' O futuro do grupo automóvel liderado por um português
A Stellantis vai para a eletrificação e em força! Com nome de nave espacial e um português ao leme, o sexto maior grupo automóvel mundial fez há duas semanas esta grande profissão de fé: o futuro é elétrico! Mas o que significa isto para marcas tão díspares como Fiat e Dodge, Peugeot e Jeep, Opel e Chrysler?
O Aygo morreu, viva o Aygo Cross!
O citadino da Toyota muda de cara, de plataforma, de filosofia, de tudo. Agora é um ‘crossover’, cresceu em tamanho e em expectativas: dominar a selva das cidades, um mercado que, ironicamente, até está a diminuir.
Opel Corsa: a ternura dos 40
Lançado em 1982, o Opel Corsa já se tornou um clássico da história do Automóvel. Quarenta anos e seis gerações depois, continua a povoar as nossas ruas, estradas, auto-estradas, ultrapassando já a fasquia dos 14 milhões de unidades vendidas.
Novo 500: Sim, Mr. DiCaprio, é mesmo verde
Não parece, pois não? Mas é. Até a senhora do anúncio foi enganada. O Fiat 500 tanto quis ser um EV, que até ganhou nomenclatura própria (chama-se Novo 500) e apresenta três carroçarias diferentes. Testámos o “normal” três-portas. Sim, o que Leonardo DiCaprio guia no anúncio.
Primeiro foi o Mustang, agora é este Explorer, e até já há (sacrilégio!) um Caprielétrico. A marca da oval azul continua a usar nomes – que são seus, evidentemente – para batizar novos modeloselétricos. O que vale, então, este Ford Explorerda era EV?
Depois do Uni-T e Uni-V, a fabricante de automóveis Changan Automobile cria mais um modelo inspirado nos veículos de luxo europeus, a um preço imbatível.
Sabemos que nem sempre é possível estacionar à sombra naquele que, por vezes, é o lugar perfeito, nem todos temos garagens ou parques subterrâneos. Eis algumas sugestões para prevenir possíveis danos no seu automóvel.
Já foi Carro do Ano, vai na sua sexta geração (11ª, se contarmos com o seu antecessor) e é um dos modelos que se vê em maior número nas estradas europeias. Afinal, o que vale o bestseller alemão na versão híbrida plug-in?