Prazeres / Drive

A beleza dos automóveis segundo Norman Foster

Motion. Autos, Art, Architecture, um título dispensa grandes traduções. Está lá tudo: movimento, claro, e os três AAA: Automóveis, Arte e Arquitetura. Não é apenas uma exposição sobre automóveis; é uma exposição sobre automóveis, guiada pelos olhos de Norman Foster, que a concebeu e a acarinha como qualquer outra das suas criações. Patente até 18 de setembro no Museu Guggenheim de Bilbau, mais uma razão – será aí a 7429ª – para o visitarmos.

Foto: D.R
08 de abril de 2022 | Luís Merca
PUB

O conceito

Logo à partida, Norman Foster é tudo menos inocente: amante de automóveis desde há décadas, o arquiteto britânico estuda o fenómeno num misto de gosto pessoal e de interesse profissional. A sua Fundação é proprietária de vários exemplares da história do Automóvel e esta exposição reflete o seu olhar sobre o veículo de quatro rodas – que, por acaso, até foi triciclo nos seus primórdios, em 1896. Sim, há uma réplica do primeiro automóvel entendido como tal, o ‘Motor Car’ de Karl Benz, como poderia não haver?

Foto: D.R

Poucas criações humanas moldaram tanto a nossa história recente, a dos últimos 130 anos, como o Automóvel. Vivemos em cidades desenhadas em função dele, consumimo-lo com um apego de propriedade que só agora começa a alterar-se, comportamo-nos socialmente à volta do que ele nos oferece: liberdade de movimento, domínio do caminho que temos percorrido e do que vamos percorrer a seguir. Como espécie humana, o Automóvel tem sido o prolongamento das nossas duas pernas.

PUB
Foto: D.R

A exposição

Mais do que um mero ‘timeline’, com um alinhamento cronológico "certinho" da história do Automóvel, a exposição ‘Motion. Autos, Art, Architecture’ espraia-se de acordo com tendências sociológicas globais que Norman Foster identificou e cristalizou: os primórdios, o futuro, as esculturas, a democratização do fenómeno "carro", o desporto, a influência americana, etc., etc., são vários momentos que captam a essência daquilo que o Automóvel foi, é, determina e foi/é determinado. Para cada um destes momentos, o arquiteto britânico concebeu um enquadramento cultural e artístico que lhes serve de pano de fundo: obras de David Hockney, Andy Warhol, Alexander Calder, Henry Moore e tantos outros – que melhor painel representativo do século XX poderíamos exigir? – vivem nas paredes de cada sala que alberga os modelos representativos de cada uma das tendências.  Todos estes artistas, de uma forma ou de outra, debruçaram-se sobre o assunto e trouxeram-nos as suas visões sobre o tema.

Foto: D.R
PUB

O ponto de vista do visitante

Ao todo, são cerca de 40 os automóveis que compõem o fulcro da exposição. Colocados estrategicamente no centro das salas, ao contrário dos convencionais "museus do automóvel", que nos guiam num percurso retilíneo – lá está, meramente cronológico – aqui o convite é feito ao visitante para que ele se deixe embrenhar numa época, no meio de um momento cultural e sociológico do século XX, e circule à vontade, à volta dos modelos expostos.

Foto: D.R

Até 18 de setembro deste ano, quem for apaixonado pelo Automóvel e queira visitar uma exposição ‘sui generis’ sobre o tema, só tem um caminho: Espanha, País Basco, Bilbau, Museu Guggenheim. Mais informações em www.guggenheim-bilbao.eus.

PUB

Norman Foster

Nascido em Stockport há 86 anos, o arquiteto britânico entra calmamente na sétima década de atividade profissional. Engenharia, design e, em última análise, arquitetura, foram os pilares da sua formação académica e desembocaram numa obra que ainda não se esgotou. Através da sua Fundação, sediada em Madrid, Foster pretende antecipar o futuro, apoiando ativamente novas gerações de arquitetos, designers e urbanistas.

Foto: D.R



PUB
Museu Guggenheim Bilbao

Inaugurado em 1997, este museu de arte moderna e contemporânea confunde-se com o próprio edifício onde funciona. As linhas exteriores criadas por Frank Gehry para a Fundação Solomon R. Guggenheim constituem um conjunto contorcido de formas côncavas e convexas. Ao atingir a marca de 25 anos, reafirma-se como o ‘ex-libris’ de Bilbau e domina a cidade basca com a sua mistura de vidro, titânio e calcário.

Foto: D.R
PUB