Prazeres / Drive

Explorerelétrico: mais um Ford com nome de modelos já existentes

Primeiro foi o Mustang, agora é este Explorer, e até já há (sacrilégio!) um Caprielétrico. A marca da oval azul continua a usar nomes – que são seus, evidentemente – para batizar novos modeloselétricos. O que vale, então, este Ford Explorerda era EV?

Foto: DR
15:17 | Luís Merca
PUB
Ford Explorer? A sério?
Sim, houve um Ford Explorer lançado em 1991, um SUV que na altura substituiu o Bronco de três portas e que chegou a ser o SUV mais vendido na terra do Tio Sam. Também houve um Mustang – oh se houve, e felizmente continua a haver – mas a Ford lembrou-se de usar o famoso nome para batizar um EV (que já foi objeto de teste aqui na Must). Talvez o mais polémico seja o uso do nome Capri, o elegante coupé que a Ford Europa lançou nos anos 70 do século passado, e que em breve o teremos aqui, na Must, em versão EV. Mas voltando à vaca fria, perdão, ao modelo em apreço: este Ford Explorer EV apresenta-se como um SUV do segmento C, o primeiro Ford 100% elétrico fabricado no Velho Continente, concretamente na sua fábrica de Colónia, na Alemanha. A base é a plataforma MEB do Grupo VW, mas nem este é um Ford-Volkswagen, nem se trata de um VW entregue "chave-na-mão" à Ford.

Características técnicas
Três versões: logo aquando do lançamento, um RWD (tração traseira) Single Motor com bateria de 77 kWh de capacidade e motor de 286 cavalos; e um Twin Motor AWD (dois motores, logo, tração integral) e 340 cavalos de potência. Mais tarde, a Ford lançou uma variante mais económica, com bateria de 52 kWh e motor de 170 cavalos
Foto: DR
Design
Visto do exterior, o Explorer EV apresenta-se com um estilo claramente americanizado, embora a silhueta seja curta (o que seria um sacrilégio nos EUA), mas com as secções dianteira e traseira a darem um ar de ser maior do que na realidade é. Com um comprimento total de 4.79m (por 2.06m de largura, incluindo os retrovisores, e 1.63m de altura), apresenta vãos – dianteiro e traseiro – reduzidos, o que contribui para essa silhueta curta e para um aproveitamento otimizado da distância entre eixos. Uma vez lá dentro, o espaço é amplo q.b. para cinco passageiros, embora o quinto (o do meio do banco traseiro) não deva ser, digamos, muito avantajado(a). Mas os três dispõem de um generoso espaço para as pernas. Já à frente, condutor e "pendura" estão perfeitamente à vontade e gozam de uma boa visibilidade e de uma posição muito fácil de obter mediante os vários ajustes dos bancos. 
Foto: DR

Ao volante
Primeira constatação: bom isolamento sonoro em andamento. A visibilidade também é bastante boa, com o condutor a conseguir visualizar o capot (quase) horizontal. A caixa de velocidades (à americana, operada por uma manete colocada à direita, por trás do volante) inclui a posição B, para uma máxima regeneração de energia na desaceleração e na travagem. Embora não se possa regular o nível dessa regeneração, permite uma boa utilização do acelerador – não é verdadeiramente um "one-pedal", já que não imobiliza o veículo, mas anda lá perto. Os 286 cavalos da versão de tração atrás são suficientes para uma condução airosa e sem problemas de maior, seja em cidade, seja em estrada aberta, seja no "inferno dos VE", a autoestrada, essa "comedora de eletricidade". Nesta não convém exagerar muito, tal a velocidade a que desaparece a carga da bateria logo que se ultrapassa os 120-130 km/h. Não quer isto dizer que o Explorer EV seja apenas um citadino. Pelo contrário, o seu gabarito e a plataforma que lhe serve de base apontam para que seja mais um estradista (um bom estradista), em que as quatro rodas "atiradas" para os quatro cantos do châssis lhe conferem um comportamento em estrada bastante eficiente, sem que isso acarrete consigo qualquer falta de conforto. A autonomia real ronda os 530 km, um valor que se enquadra no que a concorrência oferece atualmente. 
Foto: DR

Conclusão
O Ford Explorer EV colmata uma lacuna deixada pelo Mustang EV: é mais acessível ao consumidor médio europeu, e o preço a iniciar-se nos 45.800 euros coloca-o na metade superior da sua concorrência, talvez um pouco acima dela. E a sua concorrência não pode ser vista apenas pelos modelos do Grupo Volkswagen que com ele partilham a plataforma MEB; não, a sua concorrência real é aquela que vem do Oriente, ali da Península da Coreia (abaixo do paralelo 38) e, principalmente, do Império do Meio, a China que Napoleão profetizou que um dia, quando acordasse, faria tremer o mundo. 
PUB