Exposição. “Warhol, Pollock e Outros Espaços Americanos” em Madrid
O Thyssen-Bornemisza apresenta uma mostra dedicada a pintores americanos unidos pelo interesse nas mudanças da tradição pictórica, nas novas estratégias espaciais e, nalguns casos, no uso de grandes formatos. Para visitar até 25 de Janeiro.
O título desta exposição – Warhol, Pollock e Outros Espaços Americanos – não só não é atractivo, como causa uma certa confusão. Outros espaços? Warhol e Pollock são artistas plásticos, seres humanos, não são espaços. Ou será que são? Ou, visto de outro ponto de vista, serão os espaços americanos tão artísticos quanto estas duas figuras centrais da arte pictórica do século XX? É possível. Certo é que a espacialidade é protagonista central nesta exposição, que convoca não apenas Warhol e Pollock, mas também outros pintores americanos unidos pelo interesse nas mudanças da tradição pictórica, nas novas estratégias espaciais e, nalguns casos, no uso de grandes formatos. A exposição apresenta, ao todo, 120 obras, muitas das quais nunca foram expostas em Espanha – e será seguro dizer que em Portugal, também não – pelo que vale muito a pena visitá-la, no museu nacional Thyssen-Bornemisza, em Madrid, até ao dia 25 de Janeiro.
Esta mostra revela que Jackson Pollock nem sempre foi o mestre da abstracção que hoje reconhecemos com tanta facilidade e rapidez. Ao mesmo tempo, é-nos apresentado um Andy Warhol mais complexo do que o artista associado a temas banais da cultura popular – quem poderá esquecer a famosa Campbell Soup? – representados de forma desapegada. A meio caminho entre o abstracto e o figurativo, ambos procuraram, cada um à sua maneira, reavaliar o conceito de espaço, muitas vezes através da repetição e da serialidade. “Pollock e Warhol”, pode ler-se no comunicado que divulga a exposição, “romperam com a noção de fundo e figura e desenvolveram um projeto que, nas suas próprias estratégias pictóricas, tinha algo de camuflagem”. O documento sublinha ainda outra semelhança entre os dois artistas: “Frequentemente presentes nas obras de ambos estão vestígios e marcas que remetem para certos aspectos autobiográficos.”
A exposição organiza-se em seis salas que revelam inesperadas ligações entre diferentes abordagens ao espaço e entre artistas. A primeira sala, intitulada O espaço como negociação: figura e fundo novamente, põe lado a lado obras iniciais de Pollock e Krasner, onde convivem figuração e abstracção, e duas garrafas de Coca-Cola de Warhol do início dos anos 1960, uma com pinceladas próximas do expressionismo abstracto e outra marcada pelo rigor gráfico do seu trabalho como ilustrador.
Segue-se Traços e vestígios, onde obras de artistas como Audrey Flack, Marisol Escobar, Anne Ryan, Perle Fine e Robert Rauschenberg, além de Pollock e Warhol, revelam figuras parcialmente ocultas ou dissolvidas, construindo espaços onde a fronteira entre o abstracto e o figurativo se torna instável. Na terceira sala, O fundo como figura, destacam-se ícones de Warhol – como Silver Liz as Cleopatra, Single Elvis e Jackie II – em que as figuras parecem emergir de fundos esbatidos, subvertendo a relação tradicional entre figura e fundo. A série de instantâneos de Sol LeWitt e Cy Twombly, e as telas de Hedda Sterne, Krasner e Pollock completam esta zona.
Repetições e fragmentos, a quarta sala, concentra-se nos padrões de duplicação e multiplicação que Warhol levou ao extremo. Séries como Flowers, Skulls, Electric Chairs ou os retratos de acidentes automóveis que são apresentadas em sequência, com repetições sempre diferentes que, sobrepostas, saturam e desestruturam o espaço da imagem.
Em Espaços sem horizonte, a quinta sala, surgem oito das Oxidation Paintings de Warhol, realizadas com os seus próprios fluidos, que imitam as obras de Jackson Pollock pintadas pouco antes de morrer, em 1956, e que configuram um espaço sem limites precisos. Juntam-se a elas duas obras de Helen Frankenthaler, caracterizadas por grandes manchas de cor.
A exposição culmina com O espaço como metafísica, sala dedicada à série de sombras de Warhol dos anos 1970, trabalhos enigmáticos e densos onde já não se distingue qualquer figura. Em diálogo com estas obras, Untitled (Green on Maroon) de Mark Rothko reforça a ideia de um espaço reduzido à presença da ausência.
As obras que compõem esta exposição foram cedidas por cerca de trinta instituições dos Estados Unidos e da Europa, incluem obras de Warhol e Pollock, bem como de outros artistas como Lee Krasner, Helen Frankenthaler, Marisol Escobar, Sol LeWitt e Cy Twombly. Entre elas, Brown and Silver I, de Pollock, Express, de Robert Rauschenberg, e Untitled (Green on Maroon), de Mark Rothko, pertencem à colecção Thyssen.
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