Passaram-se 32 anos desde queFreddie Mercurymorreu, no quarto da sua casa de estilo georgiano - Garden Lodge - situada numa rua tranquila do bairro de Kensington, em Londres. Quem ficou com a casa foiMary Austin, aeterna namoradade Mercury, que agora deu uma entrevista exclusiva aoThe Telegraph.
Mary foi, durante seis anos, namorada do cantor e, desde então, manteve-se semprea sua amiga mais chegada e confidente. Em 1975 as coisas começaram a mudar na vida de Mercury. OsQueen tornaram-se um fenómenogiagente e Freddie começou alutar com questões sobre a sua identidade: "Foi um período difícil, com certeza. Tínhamos chegado ao ponto em que ele me presenteou com um anel de noivado (...) Depois que a vida de Freddie mudou, eu percebi o que tinha que fazer, e o que era para ficar no passado. Tive que me manter muito no passado. Um novo capítulo estava a começar e eu estava pronta para começar esse novo capítulo", confirmou Mary Austin aoThe Telegraph.
Quando morreu,deixou-lhe a casa e todos os pertences no seu interior.Mary continuou a viver, cercada pela extraordináriacoleção de arte,antiguidadeseobjetos pessoaisque ele acumulou ao longo da vida. "Antes de morrer, ele disse: 'Deixei a casa para ti porque tu serias a mulher com quem me iria casar e, por direito, tudo isso seria teu de qualquer maneira'", referiu Austin ao jornal britânico.
A vasta coleção de objetos pessoais do cantor que, tal como a casa, haviam sido deixados à amiga, permaneceu intacta na sua mansão a oeste de Londres ao longo de todos estes anos, desde a sua morte em 1991. Mary Austin, agora com 72 anos, decidiu finalmente pôr à venda todas estas relíquias, tendo dito em entrevista à BBC, em abril deste ano, que decidiu vender quase todos os objetos para "encerrar este capítulo muito especial da minha vida" e "pôr os meus assuntos em ordem".
Entre as centenas de tesouros pessoais de Mercury estavam rascunhos inéditos de sucessos dos Queen como Don't Stop Me Now, We Are the Champions e Somebody to Love. Espera-se que o rascunho manuscrito de Bohemian Rhapsody possa vir a valer entre 800 mil e 1,2 milhões de libras (entre 928 mil a 1,4 milhões de euros). A grande estrela do leilão é o adorado piano de cauda Yamaha, que deverá ser vendido por dois a três milhões de libras, podendo atingir os quatro milhões de euros. O piano sobreviveu a variadíssimas mudanças de casa, tendo acompanhado sempre a vida do cantor. Basicamente foi o coração da história musical e pessoal de Mercury desde 1975 até à sua morte.
Além destes, em exibição estão também os extravagantes fatos de palco. Fatos de lantejoulas, casacos de cabedal e a famosa capa vermelha e coroa que usou na última atuação dos Queen em 1986, assim como a coleção de quimonos de seda japoneses que tanto adorava. É possível também ver o livro escolar com o nome do cantor, Fred Bulsara, datado dos anos 60, numa altura em que ele tinha acabado de chegar ao Reino Unido, proveniente do Zanzibar com a família.
Destaque também para a jukebox de Mercury, que mantinha na cozinha. A juntar a tudo isto, está ainda a coleção de arte de Mercury, que inclui obras de Pablo Picasso, Salvador Dali e Marc Chagall. Algum do mobiliário da mansão estará também disponível no leilão.