Prazeres

Peugeot 205, os 40 anos do “número sagrado”

A 24 de fevereiro de 1983, nascia o Peugeot 205. O modelo que muitos dizem ter influenciado como nenhum outro o futuro da marca francesa completa, precisamente hoje, quatro décadas.

Foto: Peugeot
24 de fevereiro de 2023 | Luís Merca
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"Un sacré numéro"

Assim mesmo, en français dans le texte. Trata-se de uma expressão idiomática que é usada em várias situações: um belo número (de circo, p.ex.); alguém ou algo que se destaca e salta à vista; uma felicitação por algo bem conseguido ("muito bem!"); tudo se aplica, como uma luva, ao Peugeot 205, até mesmo – et pour cause – o mote de uma genial campanha publicitária lançada em França aquando do lançamento deste modelo da marca do leão. 

Foto: Peugeot

‘Le 24 février 1983’

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Poderia começar assim uma redação, ou uma carta, escrita na língua de Lamartine sobre uma efeméride qualquer. E hoje assinala-se essa efeméride: nesta data, a Peugeot lançava um novo modelo que viria a marcar toda a sua produção durante anos vindouros – até, vá, ontem à tardinha. 

Podemos falar do Peugeot 205 como a entrada da marca francesa na era moderna da produção automóvel: compacto mas espaçoso, prático no seu formato hatchback, dinâmico e ao mesmo tempo económico, adaptado a todas as utilizações. Foi também o primeiro modelo a receber uma nova família de motores, em particular um diesel 4-cilindros de 1769 cm3 (60 cavalos, s’il vous plaît), o que faz dele o precursor da moda dos pequenos modelos a gasóleo, com desempenho semelhante aos motores a gasolina, mas bastante mais económicos no consumo de combustível. Por falar em motores, no auge da vida útil do 205, a oferta ia dos 45 cavalos do pequeno 954 cm3 até aos mirabolantes (para a época) duzentos – sim, 200 cavalos! – do 1.8 turbo que era utilizado como base de homologação do "monstruoso" Grupo B que dominou a cena dos ralis, e posteriormente dos raids, durante vários anos – já lá iremos. 

Foto: Peugeot

B.I. do 205

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Compacto (3.71m de comprimento, por 1.56m de largura e 1.35m de altura; distância entre eixos de 2.42m; 740 kg de peso), de linhas bastante agradáveis, sorridentes – devidas ao lápis de Gérard Welter e não à Pininfarina, de facto as aparências iludem – o Peugeot 205 foi proposto logo no lançamento com quatro motores a gasolina e o já referido a gasóleo. No ano seguinte (1984) surgia a carroçaria de três portas, com o famoso 205 GTI e com o infame 205 Turbo 16. Versões dentro de cada carroçaria foram mais que muitas, desde as mais acessíveis, como a Junior, de 1986, com bancos "blue jeans", até às mais sofisticadas, como a Lacoste ou Gentry. Em 1986 era lançada a terceira carroçaria, o 205 Cabriolet. 

Foto: Peugeot

Um cavalo de corrida

A competição automóvel foi um dos campos em que o Peugeot 205 mais se notabilizou, contribuindo para o prestígio internacional do modelo. Começando nos ralis, a Peugeot inscreveu em 1984 o 205 T16, que viria a entrar na história do desporto motorizado durante os tumultuosos anos do Grupo B, com resultados quase imediatos: títulos mundiais de construtores (1985 e 1986) e de pilotos, com os finlandeses Timo Salonen (1985) e Juha Kankkunen (1986) ao volante. Com o fim do Grupo B, o team manager Jean Todt – esse mesmo – virou-se para os ralis-raid, com sucesso igualmente imediato: vitórias no (saudoso) Paris-Dakar de 1987 (Ari Vatanen) e de 1988 (Juha Kankkunen). 

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Foto: Peugeot

O fim de vida

É curioso que em 1983 o Peugeot 205 substituía o 104 e também o Talbot Samba – uma marca entretanto descontinuada e que resultara da compra pelo fabricante de Sochaux da divisão europeia da Chrysler. Quinze anos depois, ao fim de 5.278.050 unidades produzidas, o 205 retirou-se para dar lugar a dois modelos: o menor 106 e o entretanto maior 206, que por sua vez foi sucedido pelo 207 e este pelo atual 208. Uma linhagem que se mantém viva, e isso deve-se ao pequeno modelo lançado há precisamente 40 anos

Foto: Peugeot
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