10 perguntas ao realizador Bruno Gascon, realizador de Pátria
Com Tomás Alves, Rafael Morais, Michalina Olszanskou e Iris Cayatte no elenco, o filme do realizador de "Sombra" estreia a 19 de outubro em Portugal. O filme esteve na competição oficial do Lucca Film Festival, em Itália.
Pátria é uma afirmação forte, em que momento é que este filme começou a ser pensado e porquê?
Os meus filmes têm-se focado sempre na dualidade das personagens, nas fronteiras entre o bem e o mal, nas zonas cinzentas e nas escolhas. Comecei a pensar neste filme ao ler diversas notícias não apenas sobre Portugal, mas sobre diversos países em que flagrantes situações de atentados aos direitos humanos continuam a acontecer. Reescrevi-o num contexto muito peculiar durante o primeiro confinamento da COVID-19 e filmei-o durante o segundo confinamento em Barcelos em que mais do que nunca reflecti sobre a importância da liberdade e o quão perdidos ficamos sem ela.

Que pesquisa histórica foi feita do período da ditadura?
Na minha pesquisa centrei-me em diversos regimes ditatoriais como o português, o alemão e o italiano focando-me sobretudo nos movimentos extremistas que deles advém e nas suas dinâmicas de grupo. Infelizmente se analisarmos o passado podemos verificar que estes fenómenos sociais e políticos continuam a acontecer no presente e se não fizermos nada podem continuar a acontecer no futuro.
Como chegaste a esta ideia de distopia realista?
Embora as personagens se movam num ambiente distópico e fictício de um regime que nunca existiu, mas poderia ter existido, esta história é baseada em fundamentos muito realistas. Interessa-me sempre que as personagens tenham verdade dentro de si para que o público possa identificar-se com elas. É daí que vem a distopia realista.

Qual foi o ponto alto destas filmagens?
Como já referi filmamos em contextos muito específicos em pleno confinamento com o apoio essencial do município de Barcelos e de vários parceiros que nos possibilitaram toda a segurança para filmarmos, ainda assim foi muito estranho porque toda a equipa passou quase dois meses em isolamento. Para mim foi uma experiência marcante, como todos os filmes são, mas também pelo facto de além disso ter perdido durante a rodagem o meu para a COVID-19. Sendo ele um homem que toda a vida lutou pela liberdade e que me ensinou o que isso significa e porque é que não a podemos perder, terminar este filme foi, sobretudo, um tributo à sua memória e uma forma de honrar os valores que me transmitiu desde criança e que espero transmitir à minha filha.

Como vês o reconhecimento internacional?
É sempre gratificante, especialmente porque fazer filmes pode ser um processo muito solitário. É bom perceber que as mensagens dos filmes passam e que tocam as pessoas independentemente de diferenças culturais ou linguísticas.

Qual foi, para ti, o ator ou atriz (ou ambos) revelação deste elenco e porquê?
É impossível destacar o trabalho de apenas um deles, acredito que este projeto funciona muito pelo grupo em si e pela forma como todos eles entenderam a narrativa e as personagens.
Como realizador, o que te continua a inspirar?
A realidade. Não há nada mais fascinante que o mundo em que vivemos e as camadas que todos nós enquanto seres humanos temos. Como realizador inspira-me sobretudo a complexidade das relações humanas e as zonas cinzentas morais, assim como os desafios que todos nós podemos enfrentar. Procuro contar sempre histórias que possam provocar reflexão e promover o debate sobre temas estruturantes e globais.

Como é ter esta profissão em Portugal? A cultura continua esquecida?
Ter esta profissão em Portugal é uma prova de obstáculos. Sempre que superamos uma etapa surge outra mais desafiante ainda. É um verdadeiro exercício de resistência. Continua a ser muito complicado explicar a importância que a cultura deve ter para um povo e para um país e até que isso seja desmistificado acredito que para muita gente a cultura vai continuar a ser esquecida e sem ser uma prioridade. Não podemos desvalorizar os progressos já feitos, mas ainda temos um longo caminho a percorrer e cada um tem que fazer a parte.
Qual foi o teu filme mais desafiante e porquê?
Já disse isto várias vezes, mas realizar o filme Sombra por todo o contexto que o mesmo teve e pelas pessoas que conheci e que me mudaram para sempre farão desse filme o mais desafiante que fiz até hoje. Agora que sou pai sinto ainda mais fortemente tudo aquilo que senti ao ouvir os testemunhos das mães de crianças desaparecidas, em especial da Filomena. Pelo contexto que já falei anteriormente, a Pátria que me preparo para estrear também foi extremamente desafiante porque acho mesmo essencial que se fale da importância da igualdade de direitos para todos e do quanto devemos lutar para que possamos continuar a viver em liberdade.

O que gostarias que as pessoas retivessem deste filme?
Gostaria que ao verem este filme as pessoas reflectissem sobrea importância da liberdade e como ela é um direito que apesar de ser fundamental não deve ser dado como adquirido. Gostava também que quem o visse percebesse que por muito forte que seja a opressão de um regime devemos sempre lutar pelos nossos direitos e que as pessoas se questionassem sobre o papel que cada um de nós pode e deve desempenhar na defesa da liberdade e na promoção dos direitos humanos. Sobretudo gostava que percebessem que os movimentos extremistas, por muito que digam o que queremos ouvir, são pura e simplesmente propaganda e manipulação dado que servem apenas os seus próprios interesses e agendas. Não são o caminho e basta olharmos para o passado para perceberemos qual o resultado dos mesmos.

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