Prazeres / Lugares

Como o turismo europeu está a tentar salvar o verão

Após uma batalha de dois meses para conter o novo coronavírus, as restrições à vida fora de casa estão lentamente a desaparecer.

Foto: Konstantinos Tsakalidis/Bloomberg
22 de maio de 2020 | Bloomberg
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Na ilha grega de Mikonos, o presidente da Câmara Kostas Koukas tenta desesperadamente retomar o turismo tão vital para a economia.

Koukas e os políticos de cidades e vilas em toda a Europa tentam salvar qualquer coisa da temporada deste verão no meio do bloqueio às viagens causado pela pandemia do coronavírus. Com a doença amplamente sob controle na Grécia, Mikonos está em boa posição para sair beneficiada, pois as restrições são mais flexíveis do que em países mais afetados, como Itália e Espanha.

"Os residentes querem que a ilha seja aberta não apenas para conter perdas económicas, mas também porque o turismo é a nossa vida", disse Koukas. "Sem dúvida que esta temporada não será normal, mas queremos abrir porque será muito importante para as seguintes."

Foto: Yorgos Karahalis/Bloomberg
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Após uma batalha de dois meses para controlar o vírus, governos europeus começam a diminuir medidas de isolamento social, dando esperança a hoteleiros, donos de restaurantes e proprietários de bares. É um ato de equilíbrio delicado para autoridades que desejam retomar a atividade, mas que se preocupam com uma nova onda de infecções.

O surto causou um impacto sem precedentes no turismo da Europa, diminuindo vendas e colocando milhões de empregos em risco num setor que responde por cerca de 10% do PIB. A procura deve cair cerca de 40% neste ano e não deve voltar aos níveis pré-crise até 2023, segundo a Comissão Europeia de Viagens (ETC, na sigla em inglês), que representa 33 organizações nacionais de turismo.

Empresas como a IAG, controladora da British Airways, e a alemã TUI, a maior operadora de pacotes turísticos do mundo, cortaram dezenas de milhares de empregos e algumas empresas familiares de menor porte talvez nunca recuperem.

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"É apenas uma questão de tempo até que o dinheiro acabe e veremos falências em toda a Europa", alerta o diretor-executivo da ETC, Eduardo Santander.

Países com taxas mais baixas de infecção, incluindo Grécia, Alemanha e Áustria, estão prontos para abrir as economias mais rapidamente, fechando acordos bilaterais de viagens. Noutros, como Itália, Espanha e França, onde 85 mil pessoas morreram, ainda não está claro quanto tempo vai demorar até que o turismo se torne viável novamente nem como o setor vai abordar as rígidas regras de distanciamento social e de higiene.

Para estimular o renascimento no setor, a Comissão Europeia publicou esta semana diretrizes sobre vários pontos, desde a remoção de restrições de fronteiras até o uso de aplicações de rastreamento nos telemóveis. Mas muitas pessoas não se sentirão seguras o suficiente para viajar até que exista uma vacina ou tratamento, o que ainda pode demorar meses ou até mais.

Na costa báltica da Alemanha, Rainer Malchus mal pode esperar para abrir as portas de seu hotel de luxo de 5 estrelas na ilha de Rüegen e começar a recuperar centenas de milhares de euros perdidos.

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Os funcionários estão ocupados a preparar o Romantik Rowers Privathotel, na cidade turística de Sellin, para a abertura, limpando corrimões, selando mini-bares e esvaziando os 52 quartos de itens difíceis de desinfetar. "É ótimo poder receber novamente os hóspedes, porque toda esta região depende do turismo", diz Malchus. "Dos guias turísticos e da loja de souvenirs até à geladaria da esquina, todos estão à espera deste momento." A sua expetativa é que os alemães que normalmente voam para Espanha, Itália ou Grécia durante o verão se reúnam nos resorts do mar do Norte e do Mar Báltico neste ano.

Foto: Yorgos Karahalis/Bloomberg



Na Áustria, os empreendedores estão a apresentar novas idéias para atrair clientes, incluindo ofertas de quartos, noites temáticas ou sessões de filosofia e literatura.

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Peter Fetz, dono do hotel Hirschen, de 250 anos, em Schwarzenberg, conta que teve cancelamentos diários no valor de 40 a 50 mil euros a encher o seu inbox durante a segunda quinzena de março. "É difícil, sem dúvida, mas somos jovens e criativos, vamos superar isto", diz Fetz. "Tivemos um bom ano no ano passado, por isso ainda temos algumas poupanças, mas tive que adiar as renovações que estavam planeadas para os quartos".

As autoridades suíças esperam que a sua imagem como um país pacífico, com paisagens de montanhas imaculadas, lhes proporcione uma vantagem competitiva. Uma nova campanha de marketing concentra-se nos consumidores pós-confinamento, como famílias com crianças que precisam de controlar o orçamento e casais que podem ter sido separados por distância ou que precisam de uma escapada depois do stress do isolamento.

Adrian Bridge, responsável pelo The Yeatman Hotel, com vista para a cidade do Porto, no norte de Portugal, diz que seu maior desafio será convencer os hóspedes de que os padrões de higiene são rigorosos o suficiente para protegê-los de possíveis infeções.

"As pessoas vão querer que a sua mesa seja posta em frente delas e desembrulhar a própria faca e garfo, para que vejam que são os primeiros a tocar-lhes", diz Bridge. "Historicamente, tentamos ser invisíveis no processo de limpeza e agora temos de tornar-nos visíveis para que os hóspedes fiquem tranquilos."

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Foto: Jose Sarmento Matos/Bloomberg



De volta à Grécia, onde o governo recebeu elogios por uma estratégia de contenção de vírus relativamente bem-sucedida, o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis disse na quinta-feira que o setor turístico deve voltar a operar no dia 1 de julho.

As 515 praias oficiais do país serão reabertas em breve, mas as condições restritas ilustram como as férias terão que mudar na era dos coronavírus. O número de banhistas será limitado a 40 para cada 1.000 metros quadrados, com uma distância obrigatória entre chapéus fixadas em 4 metros e espreguiçadeiras posicionadas a 1,5 metros de distância. Os funcionários devem desinfetar as cadeiras após cada uso e apenas se podem servir take away - sem álcool.

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Eduardo Santander, da ETC, acredita que, a longo prazo, a crise do vírus é uma oportunidade para um "novo começo". "Há muito tempo que conversamos sobre crescimento sustentável, mudanças climáticas, turismo excessivo etc., mas essa é uma oportunidade de pressionar o botão de redefinição, desafiar modelos pré-estabelecidos e finalmente levar a sério todos esses assuntos", afirmou Santander. "Devemos usar este momento para acelerar a transformação para o turismo de amanhã."

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