Prazeres / Drive

Lancia Stratos: a primeira vitória foi há 50 anos

Verdadeira besta dos ralis, o Lancia Stratos marcou uma época de ouro na competição automóvel. E foi o segundo dos quatro magníficos cavalos de batalha da marca italiana: Fulvia, Stratos, 037 e Delta. Ó tempo, volta para trás!

Lancia Stratos, um alien no panorama dos ralis internacionais Foto: Stellantis
29 de setembro de 2023 | Luís Merca
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24 de setembro de 1973. Acabam de passar 50 anos sobre esta data. Em 1973, terminava a 18.ª edição do Tour de France Automobile com a vitória do Lancia Stratos N.º 111 de Sandro Munari/Mario Mannucci. Foi a estreia em vitórias internacionais do novo modelo da Lancia, pensado de raiz para substituir o Fulvia e continuar o domínio da Lancia nos ralis. Cumprida a produção de 492 unidades "civis" – para assegurar a homologação em Grupo 4 – o Stratos não enganava ninguém: ali estava um carro de ralis, que por acaso até tinha uma versão que podia circular na estrada.

Foto: Stellantis

Lancia Stratos, o precursor do Grupo B

Anos antes do nascimento e queda dos "monstros" do Grupo B, o Lancia Stratos assumia-se já como um alien no panorama dos ralis internacionais: châssis tubular, carroçaria em fibra de vidro, motor V6 derivado do Ferrari Dino e colocado em posição central traseira, muita potência (acima dos 300 cavalos) para pouco peso (até 880 kg, consoante a configuração), e uma manobrabilidade quase ideal para correr em rally – ainda atualmente faz alguma impressão ver a curtíssima distância entre eixos (2.18m!), para um comprimento total de apenas 3.71m. Desenhado pelo Studio Stile Bertone, as linhas do Stratos receberam a assinatura de Marcello Gandini, o designer responsável pelos Lamborghini Miura e Countach. Coisa pouca.

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Foto: Stellantis

Sandro Munari

Talvez o primeiro dos pilotos-de-ralis-superstars que viriam a despontar décadas depois. Nascido em 1940, em plena ocupação nazi da sua bella Italia, Munari começou a competir nos anos 60 e sagrou-se campeão italiano em 1967 e 1969. Em 1972, ao volante de um Lancia Fulvia, venceu o Rallye de Monte Carlo pela primeira vez, feito que repetiria outras três, já ao volante do Stratos. No ano seguinte, em que deu ao novo modelo a sua primeira vitória numa prova internacional (a efeméride que hoje aqui se assinala), venceu o Campeonato da Europa de Ralis, e em 1974 correu no que viria a chamar-se mais tarde o WRC. Mas os seus dotes de pilotagem não se ficavam "apenas" pelos ralis: em 1972 dividiu um Ferrari 312 PB com o argentino Arturo Merzario e ambos venceram a Targa Florio, prova de resistência em estrada aberta.

Uma carreira ilustre

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Entre 1974 e 1981, quando questões de política interna dentro do Grupo Fiat o atiraram prematuramente para a prateleira (leia-se para fora do circuito dos ralis, sendo substituído pelo Fiat 131 Abarth), o Lancia Stratos conquistou 18 vitórias em provas do campeonato do mundo. Para a estatística, os 50 anos da primeira vitória que se comemoram agora, no Tour de France Auto de 1973, fariam eco oito anos mais tarde, com a última grande vitória internacional do Stratos a acontecer em 1981, precisamente no mesmo Tour de France Auto. O ciclo estava fechado. Só anos mais tarde, novas politiquices dentro do Grupo voltariam a dar prioridade à Lancia para construir uma nova máquina de ralis: nascia então o 037, mas isso faz parte de outra história.

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