Mais do que um costureiro, Christian Dior foi um homem profundamente ligado à natureza. Entre tecidos, silhuetas e perfumes, sempre transpareceu um amor incondicional pelas flores e pelos jardins - uma paixão que agora ganha forma em Dior. Enchanting Gardens, o novo livro da Maison que mergulha nas raízes botânicas da sua criação.
Este volume aprsenta-se como sendo mais do que uma homenagem estética: é uma viagem intimista pelos lugares, imagens e símbolos que moldaram o universo Dior desde a sua génese. Organizado em capítulos que combinam história, moda, arte e perfume, o livro lança um olhar delicado e informativo sobre como o mundo vegetal influenciou de forma decisiva não só Christian Dior, como também os seus sucessores.
Desde a revolucionária coleção de 1947, com a célebre linha Corolle (nome que evoca a corola de uma flor), Christian Dior cultivou uma linguagem profundamente floral. A escolha não foi apenas simbólica, foi pessoal. Crescido na Normandia, na Villa Les Rhumbs, rodeado de um jardim encantado cuidado pela sua mãe, Dior cedo aprendeu a ver nas flores não só beleza, mas estrutura, perfume e emoção. Essas referências marcaram para sempre o seu trabalho: da criação do primeiro perfume da casa, Miss Dior, à escolha de nomes, bordados e volumes inspirados em pétalas e jardins.
O livro revisita esse legado em detalhe, explorando os jardins das suas várias residências: o já mencionado refúgio em Granville, o sereno Château de la Colle Noire, na Provença, e o bucólico Moulin du Coudret, nos arredores de Paris. Cada espaço é apresentado como extensão da sua visão estética e emocional — verdadeiros ateliers a céu aberto onde a inspiração brotava naturalmente.
Combinando preciosos documentos de arquivo, croquis e fotografias icónicas de nomes como Henry Clarke, Patrick Demarchelier, Brigitte Niedermair e Paolo Roversi, Dior. Enchanting Gardens constrói um relato visual rico e sensível. Vestidos históricos e criações contemporâneas são apresentados lado a lado com as fragrâncias da casa, criando pontes entre tecidos e aromas, entre o visível e o invisível.
Esta ligação entre alta-costura e perfumaria, tão cara a Dior, reforça-se neste volume: cada criação é como uma flor que se veste ou se sente. O perfume torna-se vestuário invisível; o vestido, uma extensão da paisagem interior de quem o usa.
Mas este encantamento botânico não ficou confinado à era Dior. Diretores criativos como Raf Simons e Maria Grazia Chiuri mantiveram viva a herança floral, reinterpretando-a com delicadeza e força. De bordados que imitam jardins selvagens a desfiles realizados em cenários vegetais cuidadosamente construídos, a natureza continua a ser um eixo poético e formal da Maison. Dior. Enchanting Gardens capta essa continuidade com elegância, mostrando como, mesmo após décadas, a flor continua a ser o coração da Dior.