Ao longo de mais de uma década, Brigitte Niedermair tem sido uma das vozes visuais mais marcantes na interpretação do universo Dior. A fotógrafa italiana, conhecida pela abordagem rigorosa e simultaneamente sensível, construiu uma linguagem própria que se tornou imediatamente reconhecível. Agora, pela primeira vez, a artista dá a ver aquilo que normalmente permanece oculto: o seu processo criativo. No livro Niedermair, Dior. Drawing/Photography, ela convida o leitor a entrar nos bastidores da imagem, revelando o momento em que a ideia ainda não passou de um traço, de um gesto inicial.
Brigitte descreve o início de cada projeto como um movimento íntimo, quase silencioso: primeiro um pensamento que se forma, depois um esboço que ganha forma no papel, como se a imaginação encontrasse um caminho natural para a mão. Para preparar esta obra, a artista abriu os seus arquivos pessoais, revelando desenhos e planificações que até agora permaneciam guardados. São registos nos quais se percebem as dúvidas, as intenções, as referências culturais que alimentam as suas composições. Ao lado desses esboços, surgem cerca de 150 fotografias que testemunham a sua colaboração contínua com a Maison Dior, em áreas tão diversas como a moda, as joias, os perfumes e a beleza.
O historiador de arte Olivier Gabet, que assina a introdução do livro, sublinha a profundidade cultural que atravessa este trabalho. Nas imagens e nos desenhos de Brigitte Niedermair ecoam movimentos artísticos do século XX, do expressionismo à abstração, passando pelo surrealismo e pelo pós-modernismo. Rostos e corpos surgem como formas plásticas, evocando tanto musas das vanguardas como personagens imaginárias de palcos futuristas. Há composições que remetem para o Triadic Ballet de Oskar Schlemmer, outras que recordam experiências performativas ou mesmo instalações que exploram o corpo como território simbólico.
No centro de tudo permanece a mulher Dior: uma figura livre, afirmada e multifacetada. Niedermair não a retrata como um ideal estático, mas como um ser em transformação, capaz de reunir força e delicadeza, intensidade e leveza. Entre a mulher-flor e a mulher-poder, como tantas vezes se descreve no vocabulário da casa, existe aqui a possibilidade de todas as identidades. Este livro, publicado pela Rizzoli New York e com lançamento na Europa a 29 de outubro de 2025, não é apenas um registo visual; é uma celebração da criatividade feminina e um testemunho da forma como a arte pode dialogar com a moda para criar novas narrativas do belo.