Conhecido como o “Fotógrafo de Abril” pelos icónicos e incontornáveis registos da Revolução dos Cravos, Alfredo Cunha construiu ao longo de mais de meio século um arquivo visual que atravessa a história contemporânea. Fotografou o país e o mundo, durante mais de meio século, em contextos tão diversos como cenários de guerra, visitas presidenciais, bairros sociais, hospitais ou feiras e festas populares. Da guerra civil nas ex-colónias e do processo de descolonização, à pobreza do período pós-ditadura em Portugal, as guerras do Médio Oriente, ao quotidiano do Minho onde se fixou no final dos anos 1990, passando pela pandemia de 2020, sem esquecer os inúmeros retratos de figuras centrais da história moderna do nosso país.
Agora, Alfredo Cunha pretende dedicar-se exclusivamente a projetos artísticos e, por isso, coloca um ponto final no fotojornalismo, fazendo desta exposição um marco na sua carreira, como explica o próprio: “É uma transição para uma nova forma de fotografar. Nos últimos trabalhos, já se deteta essa mudança, porque eu já não sou fotojornalista, sou apenas fotógrafo que pretende fazer um trabalho contemporâneo. Esta exposição é um marco e uma fronteira entre o meu trabalho passado, em que faço uma retrospetiva da minha carreira, e dá o mote para meu trabalho futuro”.
Com curadoria de David Santos e em parceria com o Museu do Neo-Realismo, a exposição reúne imagens que contam os últimos 50 anos da História Mundial. Uma escolha que, para Helena Mendes Pereira, diretora-geral da zet gallery, faz todo o sentido neste momento: “A Arte não é neutra, a fotografia não é neutra, a fotografia de Alfredo Cunha não é neutra. É uma escolha e o que somos revê-se nessa escolha. Por isso, não tínhamos como não acolher esta exposição. Obrigada, Alfredo Cunha, pelas tantas estórias que são a nossa História”.
A exposição de Alfredo Cunha estará patente na Zet Gallery de 19 de setembro a 26 de outubro.