Prazeres

Qual é o segredo do charme do Bairro Alto Hotel?

Não se pode dizer que os espaços de hotelaria abrem, hoje, à mesma velocidade que os de restauração. Mas a afluência turística elevou a qualidade da oferta a um patamar alto, na capital lisboeta. O que é que torna o reaberto Bairro Alto Hotel tão distinto, convidativo e, enfim, especial?

20 de outubro de 2020 | Rita Silva Avelar
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Um hotel de charme, o Bairro Alto Hotel sempre desfrutou de uma localização privilegiada, mas as mais recentes restruturações elevaram as qualidades dessas coordenadas geográficas. Além de se situar mesmo em frente a um dos símbolos incontornáveis da zona do Bairro Alto, a praça Luís de Camões, proporciona uma vista deslumbrante sobre o rio Tejo ao pertencer, também, às ruas do Alecrim e das Flores, duas paralelas que ligam esta zona ao Cais Sodré. Reaberto em agosto deste ano, o hotel sofreu obras de requalificação que tiveram início há precisamente dois anos, em novembro de 2017, e foram concluídas neste verão. Em traços gerais, e com a aquisição de três edifícios e a chegada de novos espaços, o espaço do hotel foi amplificado, aumentando a oferta de ocupação. Um projeto que esteve nas mãos de Eduardo Souto de Moura – arquiteto galardoado com o Pritzker Prize em 2011 - e com interiores do Atelier Bastir e TheStudio. Uma das grandes novidades? A vinda do consagrado chef Nuno Mendes, que esteve cerca de 15 anos em terras londrinas, marca um glorioso regresso a casa para abraçar um desafio bem patriótico. Como veremos, todos os espaços de restauração – do restaurante à pastelaria, ao room service - têm o seu toque único e excepcional.

Com as requalificações, a essência do hotel, essa, não se perdeu pelo caminho – tornou-se ainda mais autêntica. Ao entrarmos pelas portadas desta luxuosa morada que é uma referência no segmento de boutique hotel de cinco estrelas desde 2005 (até 1980, no mesmo edifício, estava o outrora bem-sucedido Grand Hôtel de L’Europe) paira no ar uma atmosfera de boas-vindas, graciosidade e luxo que o posiciona de imediato num estatuto superior. A zona da recepção, uma das áreas remodeladas, tem agora uma área maior, sendo a decoração minimalista, com obras de arte distintas, e alguns apontamentos florais. Um registo que, de resto, se mantém em todos os espaços. Algumas das referências do hotel original – como as esculturas de Rui Chafes ou as fotografias do Rui Calçada Bastos – mantêm-se no lugar, ao mesmo tempo que chegam novas obras de artistas como Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, João Louro e fotografias de José Pedro Cortes, bem como a nova peça de Vasco Araújo feita de propósito para o hotel. À medida que andamos pelos pisos, é também impossível não reparar na enorme peça de tapeçaria, com base de macramé, da autoria da Oficina 166 (Diana Menezes Cunha), e que ocupa três pisos. Com a extensão do espaço, também a ocupação aumentou. Se antes existiam 55 quartos, agora há um total de 87 (contando com as suites). De apenas uma suite, o hotel passa agora a ter 22 suites, com designações como júnior, "de assinatura" ou "standard", por exemplo, onde os parâmetros de requinte, bom gosto e inovação são premissa.

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Uma das maravilhosas surpresas do Bairro Alto Hotel fica no 5º piso, e chama-se restaurante Bahr. Juntos, o chef Nuno Mendes e o chef executivo Bruno Rocha uniram as suas experiências para criar uma carta deliciosa, criativa e especialmente curiosa. As já afamadas tostas de percebes fumados (€9), por exemplo, são um dos obrigatórios nos snacks, mas os rissóis de camarão (€6) não descem de nível. Nas entradas, será uma boa ideia provar a improvável junção de cogumelos de coentrada e nabos (€13) ou a lula grelhada com feijão verde, grelos e algas (17€). Se a tentação de ficar nas entradas não for maior, avance para os pratos principais de pregado selvagem e caldo verde (€28) e para a presa de porco preto alentejano com puré de ervilhas e bivalves (€24). Havendo ou não espaço, não saltar a sobremesa significa tirar partido do enorme prazer que é provar a maçã gelada com creme miso, bolo de centeio e funcho (€8) ou o chocolate com trigo sarraceno e avelãs (€10). O restaurante, cuja decoração ficou a cargo de Juan Carmona e André Ribeiro, do TheStudio, tem um bar ao balcão, sítio perfeito para tomar um cocktail, e um terraço com esplanada com uma vista assombrante, de bela que é. E por falar em cocktail, recomendamos os Mezcal, que podem ser o Ilegal Añejo (€11), o Derrumbes Nº 1 (€16) ou o Casamigos (€12).

Mas desçamos à terra, para sonhar alto outra vez. É precisamente virada para a rua do Alecrim que está a Pastelaria, o último espaço de "comer e chorar por mais" revelado pelo hotel, que tem uma oferta tão selecta de doces como de salgados. É aqui que se podem encontrar as mais refinadas reinterpretações da pastelaria portuguesa - bolas de Berlim com recheio de camarão ou com recheio de batata-doce roxa entram neste registo, certo? Mas também clássicos vencedores como pastéis de nata ou jesuítas. Um espaço pequeno, mas com muito por descobrir. Por cima, encontramos o Mezzanine, um bar com carta própria, cuja atmosfera funciona como uma verdadeira metamorfose do dia para a noite – nomeadamente: o chá vai sendo substituído pelos cocktails, o tom da música vai aumentando, as conversas tornam-se mais animadas. Ou então não, porque neste espaço tudo é possível e de tão acolhedor torna-se versátil (faz lembrar, aliás, um british bar, com tecto baixo e luz média). Em breve, inaugura-se o bar 18.68, que fica nas instalações originais onde se situava o quartel dos bombeiros voluntários mais antigos de Portugal. A promessa? Homenagear este espaço, através da gastronomia, onde bartender e chef vestirão a mesma farda.

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Relaxar nos espaços do Wellness and Fitness Center é um dos pontos que deve constar na check list de quem passa pelo Bairro Alto Hotel. Além de ter um ginásio totalmente equipado, há ainda uma sauna, um duche, e uma sala de massagens onde certamente estará um dos profissionais da equipa do osteopata Armando Faria, ou o próprio. Além destas novidades, nas alas novas há pelo menos quatro salas (três de reuniões e um auditório) dedicadas a conferências e meetings. Este hotel assume-se, assim, como o único hotel do centro histórico da cidade a disponibilizar vários espaços para todo o tipo de eventos corporativos. Além disso, o acesso privado é feito pela Praça Barão de Quintela, tornando tudo mais privado e eficaz.

Uma última recomendação, esta só para hóspedes: não saia do Bairro Alto Hotel sem ir ao último piso apreciar a vista do terraço exclusivo, que é uma verdadeiro quadro vivo da zona história lisboeta com o rio como última miragem.

O Bairro Alto Hotel, que tem como diretor de unidade João Prista von Bonhorst, pertence à cadeia internacional The Leading Hotels of the World, uma organização americana que representa mais de 450 dos melhores hotéis, resorts e spas do mundo, com representação em cerca de 80 países.

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Onde? Praça Luís de Camões, 2, Lisboa Quando? Reservas info@bairroaltohotel.com e 21 340 82 88

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