Estilo / Relógios e Jóias

No coração de uma manufatura de relógios de luxo

O “manufakturzentrum” da IWC é uma obra-prima de design e de tecnologia.

18 de setembro de 2019 | Bruno Lobo
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Numa manufatura já não se fazem as coisas à mão. Seria muito errado nos dias de hoje. Mas significa que se fazem em casa, por vezes utilizando técnicas ancestrais e por vezes a mais moderna tecnologia. Sempre com os padrões de qualidade mais elevados, em lugar de subcontratar quem faz igual para uma série de marcas. A nova manufatura permite à IWC reunir a produção de peças de movimento, movimentos de manufatura e caixas num só lugar, como explica Andreas Voll, o COO da IWC Schaffhausen: "Agora, todo o valor agregado à matéria-prima, desde a peça de um movimento individual até ao produto final, concentra-se num único andar, numa sequência lógica. Sonhei com isto desde que comecei na IWC, em 2007."

Ainda assim, é curioso verificar que não são só os portugueses que fazem tudo à última hora. Até os bem organizados suíços, e de uma manufatura relojoeira, conseguem correr em contrarrelógio para ter tudo pronto a tempo. Foi o que se passou com esta manufatura, pensada há seis ou sete anos, mas completada em apenas 21 meses, em tempo recorde. A quebra mundial nas vendas de relógios, a crise do franco suíço, mais outros fatores atrasaram sucessivamente o início dos trabalhos e quando chegou a "luz verde" havia que dar corda à máquina (todos os trocadilhos relojoeiros propositados) para ter tudo pronto a tempo de celebrar os 150 anos da fundação da manufatura por Florentine Ariosto Jones, em Schaffhausen, em 1868. Custou mais de 42 milhões de francos suíços.

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O design foi acompanhado de muito perto pelo próprio CEO, Christoph Grainger-Herr, arquiteto de formação e que desenhou as linhas exteriores e a imponente entrada de nove metros de pé-direito. O edifício tem pouco mais de 13 mil metros quadrados e por hora circulam 50.000 m³ de ar, criando uma sobrepressão que impede a entrada de partículas de poeira. Dali saem todos os componentes acabados, prontos para serem montados nas antigas instalações pelos relojoeiros. Apenas o cronógrafo Português é aqui montado.

É também nesse novo edifício que são desenvolvidas as caixas dos relógios e se desenvolvem os materiais, ligas inovadoras como a Ceratanium, um material tão resistente e leve como o titânio, rígido e resistente a riscos quanto a cerâmica. Aliás, a última edição do SIHH provou a sua importância, com a IWC a apesentar não só um modelo em Ceratanium, como numa original cerâmica cor de areia e ainda em bronze.

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