Estilo / Relógios e Jóias

Relógios Lange & Söhne: 175 anos celebrados com ouro e mel

Há marcas que gostam muito de se vangloriar da sua “rica” história, enquanto outras preferem mostrar o que sabem fazer. É o caso da Lange, que em lugar de fanfaras preferiu calmamente lançar três novos relógios… Mas que relógios!

175º Aniversário, Lange & Söhne
175º Aniversário, Lange & Söhne Foto: D.R.
25 de setembro de 2020 | Bruno Lobo

Para muitos Glashütte, na Alemanha, é a nova casa da Alta Relojoaria. Já não é a Suíça. Trata-se obviamente de uma afirmação muitíssimo controversa, mas pelo menos tem uma justificação - e a justificação um nome: A. Lange & Söhne, uma marca de relógios absolutamente superlativa. Cada Lange - vamos chamar-lhe assim, (ou ALS, a bem da facilidade de escrita e leitura) é o resultado de um extremo cuidado na manufatura e de uma enorme ambição técnica. É o relógio de uma vida, sobretudo se estivermos a falar de uma destas três edições especiais, comemorativas do 175º  aniversário. Temos então um relógio ultra elegante, a perfeição na simplicidade, um cronógrafo ratrapante, entre o clássico e o desportivo, e finalmente uma montra de mestria, com algumas das complicações mais exigentes da relojoaria mecânica. Todos em edição limitada, todos em ouro mel, ou Honeygold, a liga que a Lange inventou, um ouro de 18 quilates muito mais resistente ao choque e aos riscos.

Na cidade, esse hub saxónico, existem outras marcas de relógios, notavelmente a Glashütte Original, ou a Nomos e a Tutima, mas a Lange é o pináculo dessa sabedoria e foi, ainda por cima, onde tudo começou…

Corria o ano de 1845, quando um tal de Ferdinand Adolf Lange, relojoeiro de Dresden, chegou à cidade para aí montar o seu atelier e fabricar relógios de bolso. Três anos depois era eleito Prefeito da cidade. O negócio prosperava, alicerçado numa reputação de excelência, e várias outras marcas foram surgindo à sua volta. O boom durou mais ou menos até ao fim da Segunda Guerra Mundial, quando as fábricas foram bombardeadas e a cidade, bem perto da fronteira com a República Checa, acabou por ficar no sector de influência soviética. Não tardou muito até que os Lange - o negócio tinha permanecido sob controlo familiar (daí o & Sohne, ou & Filhos) - foram forçados a abandonar a cidade e a ALS transformada numa fábrica que produzia relógios baratos, mas não necessariamente bons. Ou pelo menos, nada que se assemelhasse à anterior filosofia.

Walter Lange tinha vinte e mutos anos então, e nunca desistiu do sonho de recuperar a fábrica do bisavô. Quando a oportunidade surgiu, após a reunificação, tinha 66 anos já, uma reputação sólida no mundo da relojoaria, mas pouco mais. Como referiu algum tempo depois, "Não tínhamos relógios para construir e vender, não tínhamos empregados, edifício ou máquinas. A única coisa que tínhamos era a visão de voltar a criar os melhores relógios do mundo em Glashütte." O sonho (re)começou pequenoquatro modelos, quatro anos depois –, mas ambicioso, com movimentos mecânicos complexos e um nível de detalhe e precisão apenas à altura das melhores casas suíças. Alicerçado na mesma reputação do bisavô, o sucesso não tardou e hoje são mais de 800 colaboradores e um pé em quase todos os países. Incluindo Portugal, onde até já existiu a única boutique da marca na península ibérica, e é hoje representada pela Torres Joalheiros.

Mas vamos então explorar um pouco melhor os três novos modelos, que surgem como fazendo parte da coleção 1815, o que parece justo, pois esse é o ano de nascimento de F.A. Lange e o design inspira-se especialmente nos tais relógios de bolso que lhe granjearam a fama. Como vimos, também, os três partilham a caixa em Honeygold, o ouro que a Lange inventou para celebrar os seus 165 anos. Surgiu assim em três modelos, como agora, mas entre uns e outros só apareceu em mais dois modelos, e daqui se percebe como o reservam mesmo só para as ocasiões especiais.

 

1815 Thin Honeygold ‘Homage to F. A. Lange’

O mais simples dos três, é pura elegância no pulso. O mostrador em branco, minimalista, está construído em duas camadas, o que lhe confere uma multidimensionalidade muito interessante. A bracelete é em pele castanho escuro e a caixa em Honeygold, com 38 mm e apenas 6,3 mm de espessura. O movimento é de corda manual e é de notar que não existe nem data nem ponteiros de segundos, para não atrapalhar a beleza. Está limitado a 175 peças (perceberam!?), mas custa mais de 30 mil euros.

1815 Thin Honeygold ‘Homage to F. A. Lange’
1815 Thin Honeygold ‘Homage to F. A. Lange’ Foto: D.R.




1815 Rattrapante Honeygold ‘Homage to F. A. Lange’

Desta vez o mostrador é negro, com acentos no mesmo ouro da caixa, mantendo uma evidente elegância, apesar do caráter desportivo da complicação. Trata-se de um movimento totalmente novo e "apenas" o sexto cronógrafo split seconds da ALS. De notar ainda o "jogo" nos ponteiros, com o ponteiro central do cronógrafo em ouro vermelho e o do ratrapante em aço rodionizado. Os das horas, minutos e pequenos segundos são em ouro clássico e o ponteiro do contador de 30 minutos em ouro branco. Edição limitada a 100 unidades, e pode somar mais 100 mil euros ao preço do relógio anterior.

1815 Rattrapante Honeygold ‘Homage to F. A. Lange’
1815 Rattrapante Honeygold ‘Homage to F. A. Lange’ Foto: D.R.




Tourbograph Perpetual Honeygold

A completar o trio de homenagem a F. A. Lange, temos um dos relógios mais complicados a sair da ALS. Só o calibre L133.1 tem 684 peças e algumas das complicações mais difíceis de realizar:  um mecanismo de fuso-corrente, que assegura a suave transferência de tensão/torque, um turbilhão, um cronógrafo  ratrapante e um calendário perpétuo com fases da lua, precisas para os próximos 122 anos (e seis meses). Desta vez o ouro mel não está apenas na caixa, mas no próprio mostrador que merecia também figurar entre as complicações, dada a complexidade da realização (só para o montar requer 2 relojoeiros).  O Tourbograph está limitado a 50 relógios e custa meio milhão de euros.

O trio para os 175 anos
O trio para os 175 anos

 

Saiba mais Glashütte Original, Lange & Söhne, Alta Relojoaria, Alemanha, Suíça, acessórios, relógios
Relacionadas

Jóias para sempre

Hoje assinala-se o Dia dos Namorados chinês e, como todos os momentos são bons para celebrar aqueles de quem mais gostamos, a MUST escolhe 10 joias para oferecer a quem quiser.

Portugal inspirou estas duas marcas de luxo

Dos relógios aos calções de banho, já pode escolher um look total IWC/Orlebar Brown. Uma parceria feita no céu ou, pelo menos, numa praia paradisíaca, que bem pode ter sido portuguesa…

Que horas extraordinárias!

Quem quer um relógio com um meteorito de Marte no mostrador? Um Patek em aço? Um Cartier inclinado? Venha descobrir os relógios mais surpreendentemente elegantes do ano.

Mais Lidas